O que podemos fazer com uma pilha que não funciona mais? A legislação indica: se for uma pilha comum ela pode ser descartada no lixo doméstico para ser encaminhada a um aterro sanitário licenciado. Mas o que é exatamente um aterro sanitário?
O aterro sanitário é um método utilizado para colocar os resíduos sólidos urbanos depositados sobre o solo de uma maneira que proteja o meio ambiente e a saúde pública e favoreça a segurança e bem-estar da comunidade.
É baseado em técnicas de engenharia e segue normas operacionais específicas para confinar o lixo na menor área possível, reduzindo ao máximo seu volume, cobrindo-o no mínimo uma vez ao dia com uma camada de terra ou material inerte (escória, rejeito inaproveitável de mineração, etc.).
Tanto a base do solo em que está instalado o aterro como as suas laterais passa por um sistema de impermeabilização (como argila adequadamente compactada, betume ou lençóis sintéticos feitos de material impermeável).
O aterro sanitário precisa ter um sistema seguro de remoção e de queima dos gases que são produzidos pela decomposição do lixo orgânico e também um sistema de drenagem e tratamento do chorume. É necessário ainda que seja feita a instalação de um sistema de drenagem das águas da chuva, geralmente pela implantação de uma rede de canaletas superficiais, destinadas a desviar a chuva que não incidir diretamente sobre o aterro, para fora de sua área de operação.
A princípio não há danos ao meio ambiente quando as pilhas vão parar em um aterro sanitário onde é feito um manejo adequado do lixo, o problema é que apenas 10% dos aterros brasileiros, segundo estimativa do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), atendem a esse quesito. Quando o lixo é simplesmente jogado sobre o solo, sem que sejam observadas essas recomendações técnicas de proteção ambiental, formam-se os lixões, muito comuns nos municípios brasileiros.
Em lixões geralmente é possível identificar sérios problemas ambientais e sociais, tais como:
- presença de habitações (barracos) de população de baixíssima renda próximos do local;
- presença de catadores de lixo (inclusive crianças) trabalhando em condições subumanas;
- ausência de cobertura dos resíduos depositados;
- montes de lixo descoberto de significativa altura e de elevada inclinação;
- presença de vetores transmissores de doenças;
- equinos e suínos que se alimentam dos resíduos;
- inexistência de sistema de drenagem de gases e de chorume;
- contaminação do subsolo por não haver impermeabilização na base do aterro;
- emanação de odores fortes e desagradáveis;
- existência de área alagada nas proximidades geralmente criada devido à inexistência de canais de esgotamento, propiciando, assim, o acúmulo de líquido percolado nas proximidades dos barracos;
- ausência de controle na entrada dos resíduos, com a disposição no local de resíduos sólidos industriais classe II [poluentes], e provavelmente os de classe I (resíduos tóxicos).
Até nos casos de municípios com absoluta carência de recursos financeiros, técnicos e/ou operacionais, é possível evitar a implantação dos lixões, adotando-se o aterro controlado; método de disposição do lixo sobre o solo, em camadas de 1,0 m a 1,5 m compactadas, cobrindo-as com uma camada de terra ou material inerte de 10 cm a 15 cm de espessura, na conclusão de cada jornada de trabalho.
Além do isolamento do local e da execução de um sistema de drenagem superficial e de valas especiais para disposição dos resíduos sépticos, deve-se cuidar para que o terreno escolhido esteja afastado de cursos de água, do lençol freático e de áreas habitadas.
A adoção do aterro controlado reduz os danos ou riscos à saúde e à segurança da população, no que diz respeito à proliferação de doenças e à prática de catação de lixo, além de apresentar facilidade de execução, com baixos custos de implantação e operação, mas deve ser encarado como solução provisória, por ser ainda precário, sob os aspectos sanitário e ambiental.
As pilhas e baterias descartadas junto ao lixo comum que vão parar, principalmente, nos lixões e nos aterros controlados, ficam expostas ao sol e à chuva e acabam se oxidando.
A oxidação rompe o invólucro e deixa vazar os metais pesados que se misturam ao líquido que se forma no lixo (chorume).
Com as chuvas, os metais pesados penetram no solo e acabam atingindo as águas subterrâneas (lençóis freáticos). Parte deles também atinge córregos e riachos. Essa água, misturada aos metais como zinco, chumbo, manganês e mercúrio, entre outros, tanto pode ser ingerida diretamente como ser usada na irrigação de produtos agrícolas, contaminando diversos alimentos.
A pilha comum ou seca é formada por um cilindro de zinco metálico, que funciona como ânodo (polo negativo da pilha), separado das outras substâncias químicas presentes na pilha por um papel poroso. O cátodo (polo positivo da pilha) é o eletrodo central e consiste de grafita coberta por uma camada de dióxido de manganês, carvão em pó e uma pasta úmida contendo cloreto de amônio e cloreto de zinco, sais de caráter ácido. Por isso, a pilha comum é ácida. A expressão pilha seca é apenas uma designação comercial que foi criada inicialmente para diferenciar este tipo de pilha (revolucionário na época) das pilhas até então conhecidas, que utilizavam recipientes com soluções aquosas, como a pilha de Daniell.
Operação em um aterro sanitário
Ao contrário do que se acredita, o material disposto em um aterro sanitário não se decompõe com a velocidade que supomos: por exemplo, folha de papel decompõe-se em 3 meses, palito de fósforo, em 6 meses, goma de mascar, em 5 anos, garrafa plástica, em 120 anos. Na verdade demora muito mais do que isso. Para que haja decomposição é necessária a presença de água e oxigênio e a maioria dos aterros sanitários é mantida relativamente seca (para evitar que o chorume contamine as águas subterrâneas). Desse modo, a quantidade de oxigênio que penetra nos resíduos é muito pequena e a decomposição não ocorre a contento.
O chorume é composto por líquidos extraídos do lixo (líquidos percolados) formados pelo produto da decomposição do lixo orgânico misturado à água proveniente das fontes de produção desse lixo e das chuvas que incidem sobre o aterro.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA: FONSECA, M. R. M. Química: meio ambiente, cidadania, tecnologia. São Paulo: FTD, 2010. v. 2, cap. 20, p. 350-352